CARTAS PARA O INVISÍVEL - Lincoln Aramaiko

 


Vencedor do Prêmio Orgulho na Valentina


Em junho de 2021, a campanha Orgulho na Valentina foi lançada, para selecionar o primeiro livro da editora carioca com temática LGBTQIAP+. Em três meses, foram 57 originais recebidos, de gêneros variados e autores de diversas partes do país. Em janeiro deste ano, saíram os cinco finalistas e em março, o vencedor, Cartas para o invisível, de Lincoln Aramaiko, que chega agora às prateleiras de todo o Brasil.

“Ficamos muito felizes com a ação, não só pela quantidade, mas principalmente pela qualidade do material recebido. Foram meses de muito trabalho e conversas para escolher o vencedor, e é muito gratificante anunciar o primeiro livro com temática LGBTQIAP+ da Valentina através de uma iniciativa verdadeiramente inclusiva e aberta à diversidade", afirma Rafael Goldkorn, publisher da Valentina.

O romance, que chega aos leitores com texto de orelha assinado pelo crítico literário José Castello e prefácio de Murilo Araújo (@muropequeno), criador de conteúdo sobre vivências LGBTQIAP+ e Negras, mistura a temática LGBTQIAP+ com outros temas igualmente importantes e delicados, como saúde mental e suicídio. “Queríamos que o vencedor do prêmio Orgulho na Valentina tivesse um diferencial na abordagem LGBTQIAP+. E foi exatamente em Cartas para o invisível que esse diferencial se mostrou plenamente: uma narrativa terna, delicada, emocionante mesmo, permeando a dor, a humilhação, a crueldade vivenciadas por aqueles que precisam lutar para não se tornarem invisíveis aos olhos da sociedade”, diz Rosemary Alves, diretora editorial.

Na trama, Esdras é um jovem desencantado com a vida que topa o desafio de dedicar seu tempo a entregar as cartas de despedida de Lélio, um amigo de infância distante que cometeu suicídio. O motivo? Ele não sabe. O que as cartas dizem? Também não faz ideia. Buscando por destinatários desconhecidos e sem ter para quem ou para onde voltar, Esdras se aventura numa travessia que pode mudar seu futuro.

Entre culpas tardias e lembranças perdidas, ele terá a oportunidade de compreender que estar à margem é uma consequência, não uma escolha. E isso faz toda diferença na maneira como vê o mundo e, principalmente, como se vê. Em meio aos acontecimentos do presente, o conteúdo das cartas e flashbacks, o leitor é convidado a montar junto com o protagonista um envolvente e delicado quebra-cabeça. E assim como ele, a experimentar diferentes sentimentos e questionar suas certezas. Como a boa literatura é capaz de fazer.

Lincoln Aramaiko (@aramaiko) nasceu no sul da Bahia e atualmente mora em Salvador. É estudante de Medicina na UFBA, mas já tentou ou se formou em quase tudo: analista de sistemas, designer gráfico, editor audiovisual, bacharel em Saúde. Escrever foi a grande constante da sua vida, desde a adolescência ou desde que teve a audácia de questionar Eça de Queiroz ao reescrever o fatídico destino de Amélia em O crime do (maldito) Padre Amaro. Cartas para o invisível é seu primeiro romance.



ENTREVISTA COM O AUTOR


Você utiliza um elemento em 'desuso' nos dias atuais - a carta - para falar de um tema muito contemporâneo - o respeito à diferença - e dar forma à narrativa. De onde veio a inspiração para construir um romance onde as missivas são fundamentais para contar a história cruzada de Esdras e Lélio?

LA: Em Cartas para o invisível Esdras inicia o livro deletando suas redes sociais “habitadas por desconhecidos”. Na outra ponta da história temos Lélio, um personagem que viveu na dualidade de estar isolado do mundo e ao mesmo tempo na ânsia de se reconectar às pessoas, e que certamente tentou usar todas as tecnologias de comunicação para isso. Estamos em 2022, e passamos o dia nutrindo as nossas relações reais de forma virtual, algo que ameniza a pressa e as distâncias da nossa rotina. As cartas, de fato, estão em desuso, mas nós também: estamos sempre online, mas começamos a perder a habilidade de estar presentes na vida das pessoas. Não é por acaso que paramos de telefonar, odiamos ouvir áudios longos e perdemos a paciência com mensagens com mais de 280 caracteres. No entanto, Lélio não pediu apenas que Esdras entregasse as cartas, o maior valor do seu pedido era: “entregue as cartas em mãos e receba os olhares e os sorrisos que eu tanto quis ver”. O romance é menos sobre as cartas e mais sobre um remetente, seus destinatários e o entregador. Lélio certamente compreendeu que as atuais formas de comunicação encurtam distâncias, mas nem de longe tornam as pessoas menos sozinhas; e o meio que surge como o intento que leva uma pessoa até a outra são as cartas. Além disso, eu demorei pra ter um computador em casa. A ideia de escrever à mão fez parte da minha vida, então colocar papel e caneta na mão de um personagem não soou como algo tão distante do hoje. Eu, particularmente, nunca fui de escrever cartas... mas adoraria receber.


Das artes gráficas à saúde, até chegar à literatura. Como a sua trajetória influencia a sua escrita? Ou qual seria o ponto em comum entre essas escolhas?

LA: Acredito que eu sempre levei muito a sério quando me descubro em algo novo. E é engraçado porque eu olho para trás e não vejo nenhuma das minhas escolhas como equívocos ou “perda de tempo”. Não me acanho de mudar o trajeto, mas nunca foi por indecisão ou frustração... foram mudanças de encantamento. O design gráfico (e suas derivações voltadas para o audiovisual), como meio de trabalho, é oportuno pela flexibilidade que preciso na minha rotina atual, já que faço medicina numa universidade pública de período integral. Já a escrita literária em si nunca entrou nas transições profissionais porque ela nunca deixou de existir em paralelo a tudo que já fiz. Para além das profissões, a grande mudança sempre esteve em mim... e isso acompanhou a minha forma de escrever, minha forma de querer contar sobre o mundo e o que me chama a atenção. Por onde passei nas minhas experiências acadêmicas e profissionais, pude observar e vivenciar diferentes realidades e pessoas completamente diferentes; penso que isso, de alguma forma, me abastece de possibilidades infinitas de contar histórias. Por exemplo, enquanto questões sobre saúde mental atravessam os diálogos de vários personagens, alguns grafismos simples, como variações na tipografia, me ajudam a contar uma história complexa, de trás pra frente e sob a influência de pontos de vista de diferentes personagens.


"Tornar visível a diversidade": para você, a literatura pode salvar? É curiosa a interseção entre medicina e literatura, na trama (depressão, suicídio, transtornos emocionais) e na sua escolha profissional. Tivemos outros médicos que se tornaram escritores, mas não é o caminho mais usual. Pode falar um pouco sobre isso?

LA: Eu serei um médico, mas nunca serei só um médico. Eu não conseguiria deixar para trás as aulas de História da Arte; não vou esquecer do pragmatismo de construir um algoritmo de programação; não posso abandonar as perspectivas que aprendi de Paulo Freire... tudo isso veio antes da medicina e permanecerá. Nesse livro, alguns personagens transitam por diferentes doenças e transtornos mentais, que repercutem na vida deles e dos que os cercam. O destaque para a saúde mental permeia a minha preocupação com uma medicina mais humanística, que acredita e reproduz a ideia de que saúde não é só a ausência de doenças. E a falta de um personagem médico não é um acaso, mas sim uma desmitificação da medicina como protagonista na vida daqueles que dependem dela; não em negação à ciência (longe disso!), mas uma abstração literária para ressignificar e valorizar o que o ser humano tem de inexplicável. Afinal, a arte e a ciência, respectivamente, reproduzem e estudam aquilo que conhecemos da vida, mas sobretudo o que é incompreensível. É pela arte que conseguimos descobrir ou reencontrar outras tantas formas de viver, não apenas sobreviver.


Cartas para o invisível

Autor: Lincoln Aramaiko

Páginas: 344

Formato: 16x23

Preço: R$ 59,90

Preço e-book: R$ 39,90

Assessoria de imprensa: Aguaviva Comunicação Cíntia Borges: cborges@aguavivacomunicacao.com Adriana Sardinha: asardinha@aguavivacomunicacao.com


Créditos: Editora Valentina 

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Kleyde Azevedo. Canceriana, 25 anos, Baiana, Escritora, 5 livros publicados, Engenheira Eletricista e pós graduanda em energias renovavéis. Apaixonada por Harry Potter, livros, séries, chocolates, cheiro de chuva, culinária e viagens. Fotógrafa amadora e atriz nas horas vagas. Não começa o dia sem uma xícara de café nem termina sem uma de chá.

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