Enquanto as histórias e figuras das mitologias romana e grega são temas comuns nas escolas, outras lendas milenares ainda recebem menos atenção. Uma delas é a mitologia nórdica, herança cultural dos povos escandinavos, que abrangiam a região norte da Europa.
Preservada em narrativas contadas especialmente durante a era dos vikings, a mitologia composta por deuses nórdicos, gigantes e outras criaturas tem seu registro principal em poemas do século 13. Poucas semelhanças podem ser identificadas entre seus personagens e as divindades romanas ou gregas, o que torna sua cronologia ainda mais intrigante e cada vez mais celebrada pela cultura popular dos filmes, games e quadrinhos. Descubra alguns contos e episódios emblemáticos envolvendo heróis e sábios como Thor e Odin:
1. O mundo dos deuses nórdicos foi criado com “partes do corpo”
Na mitologia nórdica, existem nove “mundos”, todos conectados pela árvore gigante Yggdrasil, citada em vários poemas antigos e considerada o “eixo do mundo”. Entre os nove estão Midgard, o mundo material dos humanos — localizado no tronco — e Asgard, habitado pelos deuses do clã Aesir e posicionado na parte mais alta da árvore.O ódio mútuo entre deuses e gigantes tornou-se claro desde o início dos tempos. Logo após os nove mundos terem sido criados, um mestre de obras estranho surgiu em Asgard e sugeriu construir uma parede à prova de gigantes em até três anos. Como pagamento, exigia casar-se com Freia, deusa do amor, fertilidade e beleza. Convencidos de que seria impossível completar a tarefa, os deuses concordaram em dar-lhe um ano para o serviço, apenas com a assistência de seu cavalo, o Svaðilfari.
Em sua busca por conhecimento sobre todas as coisas, Odin acreditava que a inteligência valia qualquer preço e às vezes era preciso fazer sacrifícios. Para desvendar as runas nórdicas, em uma ocasião, ele chegou a se enforcar, se esfaquear e passar mais de uma semana sem comer.
Uma das armas mais fortes e temidas da mitologia nórdica, o martelo Mjölnir, do deus Thor, sempre foi bastante cobiçado por seus inimigos. Em certa ocasião, Thor acordou e percebeu que o martelo havia sido roubado. O ladrão, um gigante chamado Thrymr, disse que só devolveria a arma se pudesse casar com a deusa Freia e, apesar da proposta absurda, Thor e Loki concordaram.
Por ser considerado o deus mais sábio de todos no mundo Aesir, Mímir sempre oferecia conselhos aos outros deuses. Mas quando o clã entrou em guerra com um grupo vizinho chamado Vanir, sua existência foi ameaçada. Durante a batalha, ficou claro que todos os rivais tinham forças equivalentes e, para tentar encerrar o conflito, eles decidiram oferecer uma troca de reféns: Mímir foi entregue vivo aos inimigos, que devolveram apenas sua cabeça decapitada. Em Asgard, Odin aplicou plantas medicinais e cantou músicas mágicas para preservar a cabeça de Mímir, que por muito tempo continuou ajudando os deuses com seus sábios conselhos.
Nos poemas nórdicos, Loki é retratado como um dos personagens mais controversos entre os deuses, quase sempre causando problemas em Asgard. Após ser punido por suas transgressões, todos costumavam ignorar o que tivesse acontecido, mas o pior incidente ocorreu com Baldur, segundo filho de Odin.
Em mais uma de suas aventuras, Loki pensou que seria cômico raspar a cabeça de Sif, esposa de Thor, enquanto ela dormia. Após Thor ter expressado sua fúria pela brincadeira, Loki prometeu conseguir novos cabelos com os anões, que deveriam fabricá-los usando apenas ouro.
Antes de tudo isso existir, não havia nada além de um abismo vazio chamado Ginnungagap. O espaço era ocupado por Niflheim e Muspelheim, reinos do gelo e do fogo, que colidiram um com o outro e formaram Ymir, um ser hermafrodita e a primeira criatura viva do universo. Ymir foi o ancestral de todos os Jotun, raça dos gigantes, e deu origem aos demais seres da mitologia.
Dentro das geleiras do abismo também surgiu Buri, o primeiro deus do grupo dos Aesir. Gerações mais tarde, o deus Odin, que era meio Aesir e meio gigante, nasceu ao lado dos irmãos Vili e Vé, que juntos decidiram criar o “novo mundo”. Após matarem Ymir, eles transformaram cada parte de seu corpo: a pele passou a ser a Terra, seu crânio o céu, os cérebros viraram nuvens e o sangue passou a ser o mar. Ossos e dentes, por sua vez, formaram as rochas de todo o universo.
2. Os gigantes eram grandes inimigos dos deuses
Determinado, o homem trabalhou quase sem parar e o deus Loki decidiu interferir: com seu poder de mudar de forma, ele assumiu a imagem de uma égua e atraiu o cavalo para longe da obra. Ao perceber o truque, o homem ficou enfurecido e xingou os deuses, que então descobriram a verdadeira identidade do construtor, um gigante disfarçado. Thor, deus do trovão, quebrou seu crânio com um golpe de martelo, enviando-o ao ponto mais profundo de Helgardh, o lar dos mortos.
Depois de atrair o cavalo do gigante, Loki passou vários meses sem ser visto. Em sua forma animal, ele deu à luz um cavalo de oito pernas chamado Sleipnir, com quem retornou em seguida.
3. Odin arrancou o próprio olho
Outro exemplo foi sua jornada à fonte de Mímir, o mais sábio dos deuses nórdicos, que obteve seu conhecimento absoluto após beber da fonte da grande sabedoria, nas raízes da árvore Yggdrasil. Em troca de um bom gole, Odin teria que pagar com um de seus olhos, que ele próprio decidiu arrancar.
4. Thor já se vestiu de noiva
Quando Freia descobriu que seria barganhada em troca de um martelo, recusou imediatamente. Como plano B, Thor vestiu-se de noiva e entrou no castelo de Thrymr ao lado de Loki, disfarçado com a aparência de uma servente. Sem serem reconhecidos, eles participaram do início das cerimônias até o momento em que o martelo foi exibido na festa. A história, talvez a mais popular de todas entre a coleção de poemas nórdicos, terminou com Thor matando todos aqueles que estavam no local — ainda vestido de noiva.
5. Um dos deuses sobreviveu apenas como uma cabeça falante
6. Loki foi o culpado por várias desventuras na história dos deuses
Considerado o deus favorito de todo o grupo, Baldur preocupou a todos com seus sonhos que previam a própria morte. Frigga, sua mãe, obrigou todas as coisas do universo a jurarem que não machucariam seu filho, como um tipo de feitiço inquebrável. Ela deixou de fazer o pedido apenas ao visco, por não imaginar que esse tipo de planta poderia representar uma ameaça ao filho.
Os deuses se divertiram jogando coisas em Baldur, que havia se tornado invencível. Quando Loki descobriu sua única fraqueza, ofereceu um enorme pedaço de visco a Hoder, um deus cego, que ficou feliz de poder finalmente participar do passatempo. Hoder jogou a planta com tanta força que acabou matando Baldur instantaneamente.
A tragédia abalou Asgard e serviu como presságio para o Ragnarök, nome dado ao “fim dos tempos” da mitologia, com batalhas, catástrofes naturais e a morte de vários deuses. Segundo a lenda, após esses eventos o mundo ressurgiria com alguns dos deuses renascidos e dois sobreviventes humanos, Lif e Lifthrasir, responsáveis por repopular o mundo.
7. A origem do martelo de Thor também foi “culpa” de Loki
Para agradar aos deuses, os anões decidiram entregar mais alguns presentes e Loki apostou que eles não seriam capazes de produzir qualquer coisa mais impressionante do que os objetos que já haviam criado — o vencedor da aposta teria a cabeça do perdedor. Para a surpresa de Loki, os novos itens incluíam um navio que poderia ser dobrado até caber no bolso, uma lança que nunca errava o alvo e Mjölnir, o martelo de Thor.
Eu acho a mitologia nórdica muito interessante. Uma pena que ainda não tenham tantas obras literárias com ela como pano de fundo.
ResponderExcluirVidas em Preto e Branco
verdade, abordam muito pouco esse mundo incrivel
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