Autora: Natália Elias
editora: Editora Inverso
Número de Páginas: 120
Ano de publicação: 2022
Nota:
Sinopse:
Não era para ser assim | violência obstétrica: depoimentos reais do sofrimento
Todos os dias, inúmeras mulheres sofrem com a violência obstétrica no Brasil. Para além do físico, essa violência deixa sequelas psicoemocionais que afetam mulheres de todas as idades, além de seus filhos e filhas.
Iluminando o debate sobre a necessidade de políticas públicas mais assertivas para os cuidados com as gestantes, Não Era Para Ser Assim traz os reais e dolorosos relatos de mulheres que sofreram e ainda sofrem por conta de um sistema precário, e de profissionais que falharam em seu objetivo principal: cuidar e proteger.
Linha após linha, mulheres outrora silenciadas em um momento tão único usam suas vozes para externar seus sentimentos e clamar por mudanças.
Resenha:
Esse foi um livro para mim, de leitura bem pesada, fui mãe na adolescência, apenas com 16 anos, aquela foi a fase mais complicada da minha vida, o preconceito da cidade pequena pela "garota nerd" ter engravidado nova, a perca de amigas significativas pois a mãe não me considerava uma "boa companhia", o preconceito de enfermeiras que deveriam me apoiar.
Parei de ler em diversos momentos, para respirar e segurar o choro, pois apesar de não ter sofrido violência obstétrica no parto, o meu parto foi maravilhoso, uma experiência única e maravilhosa, mas durante o período de gravidez foi complicado.
E ler sobre a dor sofrida por aquelas mulheres, me fez sentir a própria dor.
A violência contra a mulher neste momento de maior vulnerabilidade, normalizou, vem acontecendo com muito mais frequência do que é apresentado pelas pesquisas, muitas mulheres nem sabem que sofreram.
"Passei a estudar sobre o parto e também sobre meus direitos. Acima de tudo, passei a pregar que o dia do nascimento do bebê é o mais lindo e mais importante, sendo parto normal ou cesariana. O mais respeitoso é um direito de todas"
A maternidade é um dos período mais marcantes da vida de uma mulher, a mulher passa por 40 semanas gerando, e quando chega o momento do tão sonhado parto, é um misto de diversos sentimentos, além da dor inimaginável, muitas vezes não é respeitando conforme suas vontades, não pode ser alguém por perto.
Neste livro, a Natália reúne relatos de 20 mulheres que sofreram violência obstétrica, no pré-parto, no parto e no pós parto, inclusive a própria autora sofreu esse tipo de violência em suas duas gestações. O desrespeito do corpo da mulher, comentários maldosos, humilhação dos profissionais da área de saúde, proibição do acompanhante e o tratamento desumano. Tudo isso é considerado sim violência obstétrica, o que gera traumas no psicológico da mulher e até mesmo depressão pós parto.
O objetivo principal deste livro, é divulgar sobre a violência obstétrica, um termo ainda pouco conhecido.
Eu por exemplo, só fui conhecer ao ler este livro. Este livro é importante, para que as mulheres saibam identificar que sofreram este tipo de violência, e saibam onde e como denunciar.
Afinal a quantidade de casos notificados, não representa uma parcela de todos os casos que ocorrem no Brasil e no mundo.
É uma leitura dolorida, mas indispensável o debate, afinal essa é uma luta de todas nós.
"Tira nossa dignidade em um momento de tanta fragilidade, em que estamos indefesas, e nos tratam como "manhosas". Como se gestar fosse algo criminoso, impuro, e o sofrimento no parto fosse uma espécie de punição."
Conhece alguém que já sofreu?
Exemplar recebido em parceria com a Editora Inverso