Esse foi um livro que gostei bastante, estava sentindo falta de um livro sáfico para aquecer o coração!
É impossível não se apaixonar pelas personagens, a Mari e a Vicky são totalmente opostas e nos encantam de formas diferentes.
A história delas é tão bem construída ao longo dos anos, a amizade é tão forte, o carinho, a atenção, e mesmo estando tão distantes uma da outra, onde o único contato era pelas redes sociais e ligações, todo o carinho permanência, como se nada houvesse mudado.
"Nossa, Mariana... Você está um horror! Acho que trocaram você na maternidade porque tanta feiura não pode ter vindo de nós! - Diverte-se e gargalhamos alto"
Vicky é a típica romântica (nem me identifiquei né? haha), que sonha em ter uma família, ter seu lar e ser feliz, totalmente o contrário da Mari, que para si, felicidade é sinonimo de liberdade. As duas mantinham um sentimento pela outra, entretanto, nunca admitiram em voz alta. Enquanto Mari é fotografa e não tem morada fixa, Vicky tem um trabalho estável.
Depois de anos fora, finalmente Mari estará voltando para a sua cidade natal, para uma exposição das suas fotografias, ao encarar a Vih, ela percebe que os sentimentos que antes adormecidos, agora transbordavam, porém o amor não é tão simples tendo vidas tão distintas e possuindo caminhos diferentes, vemos que o pior jeito que tentar tapar o buraco que uma pessoa deixou com outra coisa (seja pessoa ou profissão) transformando o vazio em algo maior e mais doloroso.
As únicas coisas que desgostei desse livro, foi a forma como a Mari tratava o Raul, eu entendo que ele possuía muitas atitudes esdrúxulas e era um escroto em muitos momentos (homem sendo homem), mas ele gostava da Mari e parecia ser real o sentimento de querer vê-la bem, fazer parte da vida dela, e ela sempre agia sem responsabilidade emocional nenhuma (Sou time Mari e Vicky), mas eu realmente esperava atitudes mais maduras, principalmente quando você lida com outra pessoa, a covardia da Mari com a Vicky foi um outro ponto que eu esperava mais da Mari (Sempre achamos que os adultos sabem tudo e são maduros, mas nem sempre né?)
"Somos nós. Quero que sejamos só nós. Podemos ser como sempre fomos: Vicky e Mari"
Mesmo com todo o amor, o conflito de sonhos se tornam um empecilho, lembrei da série How I Met Your Mother (Como conheci sua mãe), onde Robbin queria viver pela carreira e Ted queria uma família.
É um romance de fácil leitura, impossível largar até chegar ao fim, adorei o hot, a autora escreve tão bem haha essas cenas. A Cris, consegue transmitir o sentimento das duas de uma maneira tão real, os personagens secundários são incríveis, a vontade era de fazer amizade com cada um deles, amei o Sérgio (pai da Mari), queria muito tomar um drink com a Fabi e até mesmo sair com o Rodrigo.
A jornada das duas é incrível, o aprofundamento do laço e de todo aquele sentimento. Vemos a evolução de ambas durante a leitura, e durante os anos que se passavam, simplesmente amei o final, nada mais incrível para duas pessoas com um sentimento tão puro e singelo. É uma linda história sobre amizade, amor e coragem para lutar pelo que ama.
"Eu também amo você, e estou cansada demais de fugir disso"
Amei o fato da Cris ter citado o Nordeste e principalmente a Chapada Diamantina (minha região), confesso que me senti mais conectada com a história por conta disto rs.
Esse livro magnifico da Cris, é bem mais que um romance LGBTQIAP+, ele aborda o preconceito de gênero, principalmente quando assumido na vida adulta, o preconceito da família, as pessoas que mais deveriam apoiar.
A diagramação e projeto gráfico está perfeito, amei o toque de nostalgia do MSN (só quem viveu sabe ahah) A editora Valentina arrasou.