Último livro da série que começou com Os números do amor, O princípio do coração é uma história emocionante sobre o que significa amar alguém de verdade, incluindo a nós mesmos.
Resenha:
Este é o terceiro livro da série, mas nada impede a leitura sem ler os outros 2. Entretanto, acho que isso afetou um pouco a minha percepção, pois como eu não havia lido os primeiros livros, no começo eu fiquei, "esse cara está sendo um babaca agora ou ele já é assim", "por que ela sempre faz isso?", mas nada muito grave.
"É a última vez que recomeço tudo do zero"
Começo dizendo que se meu namorado virasse para mim e falasse que queria ter um relacionamento aberto me comparando a teste drive de um carro, pois ele não poderia ficar com o primeiro carro da concessionaria, teria que testar outros para ter certeza que aquele era o melhor carro, ele já seria um ex na hora, nem um segundo a menos.
Esse livro não tem muito foco em romance, mas sim nas nuances dos problemas individuais que vão muito mais fundo no ser humano. Trás assuntos importantes que não costumo muito ler em livros, o relacionamento de pessoas atípicas e como se recompor após passar por um câncer, pois é inegável passar por uma situação dessa e se sentir inteiro novamente, é um processo bem complicado. Eu amo livros de romance, e achei que fosse me decepcionar um pouco com isso, ao contrário, esses pontos me prenderam ainda mais na leitura.
"Existe alguém realmente vivendo ou estamos todos só lendo as falar de um roteiro infindável e escrito pelos outros?"
Ao longo do livro vemos a história de Quan (que homem meus amigos) e Anna (uma mulher que se descobrir autista na vida adulta). Anna é uma mulher adulta que gera a sua personalidade e ações em cima do que as pessoas esperam dela, sua atitudes são traçadas da maneira que irá agradar as pessoas ao seu redor, sem nunca pensar em si mesma e no que ela queria para si, e na terapia, para tratar o bornout, ela se descobre autista, a partir dali toda a sua vida muda, o medo do diagnóstico, a aceitação e compreensão dela mesma e das pessoas a sua volta.
Em muitos momentos eu fiquei com ódio da Anna, por ela não conseguir se impor e acabar magoando o Quan e a si mesma por isso, dava vontade de sacudir essa mulher e gritar, entretanto, entendo que essas reações seja relacionada a condição.
Eu simplesmente amei o Quan, ele respeitou em todos os momentos as decisões da Anna, aguardando o seu tempo, até que ela estivesse pronta, ele é gentil, amoroso, carinhoso e muito maduro. A evolução de Anna foi visível, a aceitação de si mesma e a imposição que ela precisava, se colocando em primeiro lugar.
As cenas hots foram muito bem escritas, Quan se mostra um homem incrível na cama, preocupando-se se Anna estava confortável, a vontade, realmente disposto a entender a mulher do seu lado e respeitando-a em todos os momentos.
"Só existe um lugar onde a perfeição existe - na página em branco. Nada do que sou capaz de fazer se compara ao potencial ilimitado do que eu poderia fazer. Mas, se eu permitir que o medo da imperfeição me prenda num ciclo perpétuo de recomeços, nunca mais vou criar nada. E nesse caso ainda poderia me considerar uma artista? Qual seria o meu propósito, então?"
Achei sua família tóxica, onde nada menos que a perfeição era aceito. Onde somente ser ela mesma não seria algo de bons olhos. Fiquei bem triste com a situação do pai da Anna, pois só quem passa por uma situação parecida, de possuir um familiar em situação de acamado sabe a dor que gera também na família, nem todo mundo consegue trabalhar como cuidador, onde abdica da sua vida para cuidar de uma outra dessa maneira.
Eu amei o final, fiquei bem feliz ao "vê-la" finalmente tocando e todos que a amavam ali, compartilhando deste momento ao lado dela.
A capa e todo o projeto gráfico está magnifica, amei cada detalhe deste livro. A leitura é bem rápida e bem fluída, fazendo terminar o livro em poucas horas. A Helen trabalha bem os pontos dentro do TEA, explicando o ponto de vista de personagens que passam por isso, principalmente a descoberta na vida adulta.
Esse é um livro de superação, para Anna, Quan e principalmente a Helen, pois como a mesma descreveu, esse livro era de certo modo, baseado em um momento da sua vida.
Recomendo demais a leitura!
Exemplar recebido em parceria com a Companhia das Letras